O desempenho dos alunos que acessaram o ensino superior através de políticas de inclusão social no Brasil é igual e às vezes ainda melhor do que o de seus pares, de acordo com um estudo publicado pela Revista Brasileira Educação e Pesquisa (12 de Janeiro) e apoiado pela FAPESP (Fundação de pesquisa de São Paulo).
Os pesquisadores avaliaram cerca de um milhão de estudantes que participaram do Teste Nacional de desempenho Estudantil (ENADE). Isto equivale a um terço do número total de alunos que fizeram o teste entre 2012 e 2014. As Políticas de inclusão consideradas no estudo representam um sistema de quotas dirigidas a pessoas que têm menor acesso às universidades. Entre eles estão populações negras e indígenas, pessoas com deficiência e estudantes de Escolas Públicas com baixa renda. Inclui também os beneficiários de dois programas de inclusão social apoiados pelo Ministério da Educação: O Programa Universidade para todos (PROUNI) e o fundo de apoio aos estudantes (Sie).
Para fazer parte do programa é preciso se inscrever de acordo com os tutoriais de prouni2019.eco.br no site oficial do programa. Como requisito é preciso ter feito o ENEM, não ter tirado zero na redação, ter obtido uma nota iguala superior a 480 pontos (média nacional) e conseguir comprovar baixa renda – até 1,2 salários mínimos de renda per capita (a renda total de todos da casa divididos pelo número de membros).
Melhor desempenho dos alunos bolsistas
Trabalhando com os dados de 2012-2014, as instituições foram capazes de rastrear o desempenho de um terço dos estudantes graduados nesse período. Foi constatado pelo Ministério da Educação em análise dos dados do ENADE que as qualificações dos estudantes provenientes de dotações [cotas sociais] ou por outros tipos de bolsas de estudos não eram significativamente diferentes das dos seus colegas de turma. E as qualificações dos estudantes de PROUNI eram muito melhores que seus colegas.
O sistema de quotas raciais e sociais tem sido controverso desde que foi criado. Apesar da extensa literatura, há apenas poucos [comentaristas] que apoiam suas opiniões — seja a favor ou contra o sistema — com base em evidências.
Um dos argumentos usados por aqueles que se opõem às quotas é que este sistema representa uma perda para a sociedade, porque os titulares de quotas levam mais estudantes qualificados para fora do sistema educacional; e porque, depois de se formar, eles se tornam menos qualificados como profissionais do que os titulares que não fazem parte das cotas. Na visão de alguns o caso ainda se dá por conta do interesse maior dos estudantes que possuem bolsas de estudos, visto que costumam ter menos oportunidades do que aqueles que têm os pais que as vezes até obrigam a cursar um curso de graduação.
Se consideramos ENADE uma boa medida das qualificações dos estudantes graduados em universidades, então devemos admitir, com base na análise desses dados, que as qualificações dos titulares de quotas e dos titulares de quotas são equivalentes em termos de seu desempenho em atividades profissionais.